Estudo feito por pesquisadores da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), com apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), mostra que os produtores de cana das áreas tradicionais terão na atual safra, a 2011/12, custo econômico de R$ 70,63 por tonelada de cana colhida. Em outubro, quando foi feita uma projeção preliminar da safra, se previu que os custos seriam de R$ 68,24 por tonelada de cana neste ciclo.
"Aquela projeção ainda não contava com informações mais completas sobre volumes produzidos de etanol e de açúcar, que foram baixos", diz o pesquisador Carlos Xavier, do Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas (Pecege), grupo responsável pelo estudo.
Já o fornecedor de áreas de expansão de cana, como Goiás, deve encerrar a atual safra com um custo de produção de R$ 56,29 por tonelada de cana. Na projeção de outubro havia sido estimado um custo de R$ 50,30.
A diferença entre custos de produção de cana nas áreas tradicionais e nas de expansão se explica principalmente pelo valor do arrendamento da terra, segundo ele, que é mais baixo para as novas fronteiras.
Além disso, reitera ele, há o peso do ganho de escala, mais presente nas regiões canavieiras mais novas do que nas tradicionais, onde predominam produtores de menor porte.
O resultado é que nessa temporada (2011/12), enquanto o custo da cana de fornecedores subiu 11,9% nas novas fronteiras (de R$ 47,01 para R$ 56,29 por tonelada), nas áreas mais antigas, essa alta deve alcançar 19% (de R$ 59,33 para R$ 70,63).
O estudo do Pecege é realizado desde a safra 2007/08 por um grupo de 15 pesquisadores e com participação de 101 usinas e 19 associações de fornecedores de cana e engloba também custo da indústria. Ainda haverá uma revisão desses números de forma que o custo final será divulgado em junho deste ano, segundo Xavier.
Os pesquisadores calcularam, ainda, a margem econômica da atividade, que considera custo operacional, depreciação e custo de oportunidade. No caso do fornecedor das áreas tradicionais, essa margem foi negativa em 6,9% na safra passada e tende a ficar positiva em 4,9% nesse ciclo.
Já para os fornecedores na área de expansão, essa margem, que foi de 10,1% em 2010/11, deve subir para 35,6% no atual.
Para as usinas localizadas na área de expansão, a margem econômica deve ser de 21,4%, segundo o estudo, e para as unidades em área tradicional, de 0,3%.
Segundo especialistas do mercado, os custos de produção apurados nessa safra tendem a ser considerados "ponto fora da curva" pois a quebra da produtividade agrícola foi muito intensa. Historicamente, a produtividade média do setor é de 85 toneladas por hectares, mas neste ciclo girou em torno de 70 toneladas por hectare.
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